O Ministério Público do Paraná ingressou hoje com pedido de liminar na Justiça para tentar afastar o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Nelson Justus (DEM), e o primeiro-secretário da Mesa Diretora, deputado Alexandre Curi (PMDB).

Os deputados e outras quatro pessoas (três ex-diretores do setor administrativo e um servidor) foram denunciados na 2ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba sob a acusação de crime de improbidade administrativa.

A Assembleia vem sendo investigada desde março, quando vieram a público suspeitas de um esquema milionário de desvio de dinheiro por meio da nomeação de funcionários fantasmas.

O MP também pediu, em caráter liminar, o bloqueio dos bens de Justus e Curi no valor total de R$ 10 milhões. A finalidade, segundo a ação, é garantir a devolução do que foi desviado dos cofres da Assembleia.

Houve ainda por parte do MP um pedido de fixação de multa aos dois políticos que pode chegar ao dobro do valor do dano.

De acordo com a denúncia encaminhada pela promotoria de Proteção ao Patrimônio Público, de fevereiro de 2008 até o início deste ano, o presidente e o primeiro-secretário da Casa nomearam sete funcionários fantasmas.

As nomeações, segundo a denúncia, tiveram "a participação direta dos ex-diretores geral, administrativo e de pessoal, além do do servidor João Leal de Matos".

"Essas [sete] pessoas eram contratadas mas efetivamente não trabalhavam: seus salários eram desviados e recebiam uma gratificação, em espécie, em geral de baixo valor, para participar do esquema", relata um comunicado do MP.

Foi a primeira denúncia protocolada pelo MP envolvendo a cúpula da mesa diretora da Assembleia. Até agora, o MP apurou desvios de R$ 26 milhões entre 1994 e 2009.

Justus e Curi foram procurados pela reportagem, mas a assessoria da presidência da Assembleia informou que eles não estavam na Casa.

A assessoria disse que a diretoria de Divulgação é quem iria, ainda hoje, se pronunciar em nome dos deputados sobre a denúncia.

Nas vezes em que se manifestou sobre os casos de corrupção, o presidente da Assembleia disse estar colaborando com as investigações.

Justus tem afirmado ser o responsável por conduzir mudanças na gestão da Casa, como a demissão de cerca de 2.000 servidores e a divulgação de todas as contas do legislativo estadual na internet.

A reportagem não conseguiu o advogado de João Leal de Matos.( Folha de São Paulo )